...passear para fotografar e fotografar para passear...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As chamas da nossa indolência

A época mais crítica em fogos florestais no nosso país começa precisamente hoje e, de acordo com o jornal Metro, os especialistas temem um Verão com elevado risco de incêndios devido ao Inverno chuvoso. E isto porquê? Pois como tivemos um período de chuvas prolongado, a vegetação que cresceu atingiu dimensões superiores a outros anos.

Apesar dos esforços e dedicação de bombeiros e outros elementos, infelizmente todos os anos a situação repete-se e doí-me a alma quando vejo na televisão, durante praticamente todo o Verão, imagens de florestas a serem consumidas por chamas... Assim, não podia deixar passar este dia em branco e como forma de me manifestar deixo aqui uns versos que escrevi.

As chamas da nossa indolência
(2005)

Floresta que choras pelo teu verde perdido
Que gritas teu nome com eloquência
Aos ingratos Homens que haveis protegido
Aos ignorantes Homens que ferem sua própria sobrevivência
Por terem ateado as chamas da sua indolência!

Bosque que desvaneces Verão após Verão
Com chamas que envergonham a nossa existência
Com chamas que um dia também nos destruirão
Por deixarmos incendiar a nossa própria inteligência
Transformada agora em chamas de negligência!

Árvore que ardes sem poderes pronunciar tua dor
Mas que anuncias para breve a nossa falência
Porque quem não sabe cuidar do seu mundo com amor
Não merece que este lhe transmita subsistência
Apenas merece arder nas chamas da sua indigência!

Mesmo assim...

Tu, floresta, esforças-te por renascer
Fazes das cinzas o solo por onde voltas a florescer
Fazes do preto a cor da tua confiança
E o deserto do teu chão, a tua nova esperança!


Tu, bosque, regressas para a tua terra colorir
Fazes os animais voltar a surgir
E revelas-nos que a tua luta não tem fim
E que a nossa também devia ser assim!


E tu, árvore, fortaleces as tuas raízes
E mesmo tendo-te desiludido, parece que ainda nos dizes
Que reapareceste para nos mostrar
Que ainda podemos nossa própria inteligência ressuscistar!


É com esperança que desejo que este ano a situação não se repita...